“Livre pensar é só pensar” (Millor Fernandes
Os resultados do primeiro turno deixaram muita gente em estado de choque ou, pelo menos, bem preocupados.
Bom, eu fui atrás de referências do que já aconteceu nessa situação (resultado no primeiro turno), desde as eleições de 2002.
Dá esta tabela:
O melhor desempenho do PT no primeiro turno das eleições que disputou e ganhou foi a de 2006, quando Lula teve 48,61% no primeiro turno e o Alkmin – seu adversário na época – teve 41,64% no primeiro turno. A diferença porcentual em 2006 foi de 6,97%, e a deste anos é de 5,23%.
A diferença entre 2022 e 2006 é significativa? Sim. O Cramunhão teve um desempenho melhor que o Alkmin em 2006, e está mobilizando uma base muito mais radicalizada à direita.
É avassaladora? Não.
Há dois pontos que, no meu entendimento, devem ser considerados. 1) Em 2006 a campanha do Lula já previa a disputa no segundo turno, considerando que o recente auge do processo do mal chamado “mensalão estava vivo; 2) A grande questão é efetivamente política e diz respeito ao tom e o modo da campanha, tal como foi no primeiro turno e como deve ser no segundo.
É aí que concordo com alguns dos pontos do artigo do Maringoni (https://www.diariodocentrodomundo.com.br/desculpem-mas-da-pra-ganhar-por-gilberto-maringoni/?fbclid=IwAR0XB81NnGIH-v4fdVz47X0_bjc_MG-e2kB1IHPtZoau41lEiIy9JCO8dhY ) particularmente nos pontos 12, 13 e 14 do mesmo.
Mas quero acrescentar outras observações.
Está claro que o objetivo CENTRAL do momento atual é a eleição do Lula. Mas não simplesmente por elegê-lo. O ponto crucial é barrar o processo de destruição desse frágil, incompleto e imperfeito regime instaurado com a Constituição de 1988.
Para que isso aconteça, a ampliação do arco de alianças que for montado para derrotar o Bozo deve ser ampliado. Ampliado para incluir segmentos que podem até se colocar mais adiante como oposição ao governo do Lula (como declarou o Aloysio Nunes hoje), no Estadúnculo, mas que identificam a ameaça da vitória do Bozo como fatal para a democracia.
Aumenta também a pressão que a grande burguesia faz para ter mais clareza das diretivas econômicas do novo governo. Certamente querem mais. O quanto e a forma que isso pode assumir, não sei. O limite, diria, é exatamente o mesmo que foi estabelecido nos dois primeiros governos do Lula: eles podem ganhar dinheiro, desde que “os pobres sejam incluídos no orçamento”.
Se a questão é efetivamente derrotar o Cramunhão esses são os pontos centrais, infelizmente.
Para frente, na verdade, o que é necessário é voltar a amassar o barro na recriação e desenvolvimento da organização popular, na revitalização do movimento sindical e na ampliação da democracia e da participação das bases na organização do PT.