A LESEIRA BARÉ (1) E O CRIME (DES)ORGANIZADO

Notícias de Manaus.

Os comentários são de que os fugitivos lá da penitenciária do massacre foram em quantidade muito maior que a reconhecida pelo governo Melo Merenda (ou Merda, como preferirem). A população anda em pânico, é claro, e os truculentos aproveitando a onda.

Para além da tal Ummanizare (que nome conveniente para um conduite de propina e violência) pagar – consta – uma “mensalidade” para as “otoridades” correspondentes, vai aqui uma historinha que seria deliciosa se não fosse proveniente daquela tragédia.

Um grupo de fugitivos, aparentemente não vinculados a alguma facção, acabaram se embrenhando 2 pelas matas que ficam perto do campus da UFAM. Subitamente, encontram uma bela jaqueira carregada. Famintos, derrubam jacas e começam a se empanturrar.

Aí é que entra a leseira baré. Além de comer, os lesos tiram selfies com seus celulares e tascam pelas redes sociais. Ó nóis aqui, maninho…

E caem na modorra pós-prandial, como exemplares devotos da “santa” Etelvina, a padroeira dos lesos.

Acordam com os meganhas apontando as metralhas nas fuças deles. E são levados sabe-se lá para que nova prisão.

Túmulo da “santa” Etelvina, a padroeira dos lesos,  no Cemitério S. João Batista, em Manaus.

1 – A leseira é um estado de idiotice que, segundo alguns, decorre da intensa exposição ao sol tropical. A leseira baré, típica dos manauaras desprevenidos, tem até uma padroeira. É a “santa” Etelvina, padroeira dos lesos. A razão dessa consagração é simples. Etelvina era uma jovem cearense emigrada ao Amazonas, lá pelo começo do Século XX. Tinha um namorado que a convidou para dar um passeio pelo Aleixo, então um lugar que era plena mata. Lá, o mancebo quis ir às vias de fato com a manceba que, católica e lesa emérita (vai pro mato com o namorado), recusou. Este a estuprou e assassinou, rumorosíssimo caso na época em que a Igreja Católica ultramontana fabricava santas aos montes das mocinhas que “defendiam sua pureza”. Etelvina não foi canonizada,mas seu túmulo é lugar de romaria no dia de finados, e os lesos com os mais variados problemas rezam por sua intercessão…

A leseira geralmente tem manifestações específicas em cada lugar (a última dos paulistanos, por exemplo, foi colocar o limpinho e cheiroso na prefeitura).

Existe uma explicação altamente científica do professor Galvão, eminente psicanalista baré (não leso), nas páginas finais do romance “A Resistível Ascensão do Boto Tucuxi”, do Márcio Souza, ilustrado pelo Paulo Caruso, e com direito a um infográfico da “Pirâmide da Estagnação Crítica na Personalidade Extrativista”. Edição da falecida Marco Zero, só em sebos.

O infográfico do Psicanalista Dr. Galvão, explicando a leseira baré.

Agora me digam, a “Santa” Etelvina não merece ser a padroeira e os fugitivos legítimos representantes da leseira baré?

2 – Essa história de embrenhar na mata (pleonasmo, of course), me lembra outro velho político amazonense, cujo nome não citarei, que era admirador do Dr. Adhemar de Barros (o político amazonense era leso leso, o Dr. Adhemar de leso não tinha nada).

Em uma das tantas campanhas presidenciais nas quais no, final das contas, o Dr. Adhemar negociava seus apoios, o candidato montou uma trupe de paraquedistas que saíam pulando de um DC-3 pelo país afora. Lá em Manaus, os paraquedistas do Adhemar caíram na floresta, e o leso comentou: “Os paraquedistas do Adhemar se emprenharam na mata”.

Não é outro exemplo luminoso de leseira?

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