CENTRO CULTURAL SÃO PAULO – ESPAÇO ABERTO

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O Centro Cultural São Paulo,também conhecido como Centro Cultural Vergueiro, é um dos espaços públicos mais interessantes da cidade. E por muitas e diversificadas razões.

Recentemente fui até lá para ver a exposição ANTONIO BENETAZZO, PERMANÊNCIAS DO SENSÍVEL e, como sempre, fiquei admirado e de certa forma comovido com o que vi.

Benetazzo, infelizmente já saiu de cartaz.

Benetazzo, infelizmente já saiu de cartaz.

Não apenas dezenas de jovens (ou não tão jovens assim) aproveitando o wi-fi grátis da Prefeitura. A Biblioteca Sérgio Milliet lotada. É a segunda maior biblioteca pública da cidade, menor apenas que a Mário de Andrade. E é a única aberta sábados, domingos e feriados (como, aliás, deveriam ser TODAS as bibliotecas públicas), com acervo razoavelmente atualizado, tanto de livros como de revistas.

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Os outros equipamentos permanentes do CCSP também são muito bem frequentados. A Biblioteca Alfredo Volpi, cujo acervo é composto por catálogos de exposições de artes indexados pelo nome do artista, livros sobre artes plásticas, arquitetura, fotografia, moda, recreação e artes performáticas, além de periódicos e CDs-Rom. Destaque para a coleção da revista Cinelândia, publicada entre as décadas de 1950 e 1960, e para os mais de onze mil catálogos de exposições, dos quais 5.247 já estão indexados pelo nome do artista, em um banco de dados que, em breve, será disponibilizado pela internet. Pode ser frequentada de terça a domingo. Considero a coleção de catálogos como um dos aspectos mais importantes da Alfredo Volpi. As exposições passam, a documentação fica, e essa memória é inestimável.

E ainda há também uma biblioteca Braille, a Gibiteca Henfil, uma sala de leitura de títulos infanto-juvenis, um laboratório audiovisual e uma área para Culturas Surdas. As duas categorias de deficientes físicos mais ativos e com necessidades bem específicas de acesso estão, assim, atendidas. Além, é claro, do espaço ser acessível para cadeirantes.

Entre as coleções permanentes do CCSP destaco, em particular, a Discoteca Oneyda Alvarenga e a Coleção de Arte da Cidade. Oneyda Alvarenga foi colaboradora de Mário de Andrade, sobretudo na área das gravações de música popular e folclórica, e iniciou a organização da discoteca, ainda na Biblioteca Mário de Andrade. Uma boa parte do acervo já está digitalizado e disponível no portal da discoteca, facilitando a consulta. O acesso direto ao material original precisa ser agendado e é feito com supervisão, até porque o material é sensível. Além das gravações, a Oneyda Alvarenga disponibiliza partituras. Parte importante é o acervo da Missão de Pesquisas Folclóricas, projeto de levantamento etno-musical desenvolvido por Mário de Andrade ainda na década de 1930. O SESC-SP ditou uma caixa com seus CDs com uma seleção do material gravado. O conjunto está totalmente catalogado e disponível para pesquisas na discoteca.

No entanto, o visitante fica mesmo impressionado é com a diversidade de atividades – organizadas e livres – que acontecem simultaneamente no CCSP. Além dos frequentadores das bibliotecas e acervos permanentes, e dos que usam o wi-fi livre, a quantidade de grupos reunidos ali para estudar, conversar, ensaiar teatro e dança é impressionante. Nota-se que são grupos de jovens que chegam porque o CCSP é simplesmente um espaço aberto e livre para essas atividades. Então, tem gente ensaiando street dance, esquetes de teatro ou partes de peças, fotografando ou simplesmente passando o tempo. IMG_1446 IMG_1447 IMG_1448 IMG_1451 No dia em que fui, além da exposição do Benetazzo (que se encerrou domingo, dia 29 de maio), havia uma grande exposição do British Council, com várias atividades, exposição de fotografias, de cartazes. Tinha até uma horta orgânica no jardim superior (uma parte da área está fechada para reparação e conservação). Programação de cinema, de teatro – inclusive o espaço para teatro experimental, que há pouco foi reinaugurado com melhorias técnicas.

Uma das atividades importantes que correm junto a todas as demais é o serviço de documentação do Centro. Não apenas recolhe o material do que acontece ali, como em várias outras atividades da Prefeitura. Uma das coleções importantes é da Arte da Cidade, que administra obras adquiridas e doadas à Prefeitura. Iniciativa de Sérgio Milliet que, em 1945 instituiu a Seção de Arte na Biblioteca Municipal (hoje Mário de Andrade), da qual evoluiu a Pinacoteca Municipal e a atual coleção do CCSP, que administra cerca de 2.900 obras de arte em vários suportes, com peças do Século XIX e contemporâneas. Parte da coleção está no CCSP e existem obras em outros prédios municipais de acesso público. Além disso, possui seis coleções de Arte Postal, com dez mil peças no total, e que é uma das maiores coleções do gênero na América Latina.

O serviço de documentação apoia também as atividades da Virada Cultural, cadastrando grupos interessados em participar. Soube que, nas últimas edições, mais de cem saraus literários se inscreveram para participar de atividades.

Fuxicando no site do CCSP descobri que existe uma Associação de Amigos. Mas não há muitas informações. Pretendo visitar novamente o CCSP e perguntar a seu atual diretor, meu amigo Pena Schmidt, sobre o assunto.

Enfim, um mundo diversificado, uma experiência de convivência democrática e aberta bem digna de S. Paulo.

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